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Foto do escritorElisangela Viana

Amor de mãe

Quando pensamos na palavra mãe a maioria de nós logo imagina mulheres trabalhando e com atitudes de cuidado, afeto e proteção. Todos nós esperamos que as mulheres exerçam o papel de mãe, de cuidadora, educadora, protetora; mas afinal, o que define realmente uma mãe? O que define a mulher que exerce esse papel tão difícil e prazeroso ao mesmo tempo? Cuidar dos afazeres domésticos para suprir as necessidades dos filhos? Gerar em seu corpo um feto? Alimentá-los já que o próprio corpo sinaliza com produção de leite para seu bebê? Educá-los porque as crianças não nascem prontas para independência? Zelar pela segurança para que elas, com sua pequenez e fragilidade. não sofram ataques dos perigos que na vida se tem? Prepará-los para o futuro? Conceder aos filhos afeto, atenção para que se sintam aceitos? Garantir os direitos que uma criança tem ao nascer? Ser criativa, quando lhe faltam na vida os meios de suprir as necessidades de um filho? Ser dinâmica, tendo em vista as inúmeras atividades que precisa cumprir?

Há demanda na sociedade para que as mulheres exerçam esse papel. E na verdade, a maioria exerce. De acordo com o dicionário, gestar é "formar e sustentar (um filho) no próprio organismo". Mas, seria essa a única definção para a gestação?

Gestar no corpo é permitir o nascimento de um ser. É permitir que alguém surja com vida para trazer um sujeito ao mundo. Um sujeito do desejo, mas que não se conhece como um todo, mesmo depois de adulto. Diria também que a palavra formar cabe bem para conceituar gestação. E formar é "dar forma, estruturar (-se)". Assim, penso que dar forma é deixar algo de si no outro, naquele que necessita de sua influência, porque nasce em desamparo. Não se tem como negar as características que se herdam da mãe e as marcas que elas deixas em seu psiquismo. No entanto, reflito, ser mãe vai além de tudo isso. Ser mãe é também deixar algo de si no outro, mesmo que esse outro não tenha sido gerado em seu ventre.

Assim, é importante a reflexão do que uma mãe transmite para aquele que veio ao mudo em estado de dependência total. O que deixa de si na mente e na sua vida emocional? Qual a marca que ela "imprime"? Lacan fala desse assunto e o define como 'significantes' que são transmitidos por um adulto que cuida do desenvolvimento de um ser humano. Palavras, atitudes, decisões, são transmitidas ao filho. E ele assimila o que observa em seu meio e tende a imitar seu semelhante. Portanto, concluo que ser mãe é, realmente, ser cuidadora, educadora, protetora, mas também é deixar sua marca, algo de si.

Chamo a atenção para o que uma mãe pode gerar na vida mental e emocional de um filho. E o quanto é necessário que ela permita que esse ser também apareça, que esse sujeito de desejo surja com sua particularidade e possa seguir seu caminho. E mesmo que tenha recebido influência daquela que educou e seja parecido com ela em alguns aspectos, lhe ofereça o direito de surgir no mundo com sua própria individualidade.

Parabéns a todas as mães, e principalmente àquelas que sabem permitir o vôo daqueles que elas tanto amam.

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