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Foto do escritorElisangela Viana

Depressão e tristeza, qual é a diferença?



É comum confundirmos depressão e tristeza. Geralmente, quando vemos alguém desanimado, triste, desinteressado pela vida, achamos que a pessoa esté deprimida. Mas tristeza e desânimo não representam diagnóstico de depressão, e estar aparentemente alegre não significa que aquela pessoa não tenha depressão. Situações difíceis por si só não provocam depressão, embora possam ser motivos para desencadear crises.


O conceito de depressão geralmente está sim relacionado a um estado de profunda tristeza, desânimo e desinteresse pela vida e há uma variedade de intensidade em cada caso. Há depressão relacionada a perdas, insatisfações na vida, falta de perspectiva, ausências de pessoas amadas, mas também pode ser que não haja nenhum motivo consciente. Há depressão que é sinal de estruturas como psicoses ou neuroses graves. E nestes, há riscos de atos de extremo desespero e angústia, como os atos em que a pessoa causa dano em si mesma, ferindo a si ou a outros. Alguns chegam ao suicídio ou ao homicídio.


A tristeza é uma emoção que também pode surgir quando há um desagrado ou situações de perda, desamor, abandono, não realização de um sonho, falta de algo que se considere importante, queda de prestígio e sucesso, falta de reconhecimento social, rejeição e tantas outras situações em que é natural que alguém se sinta triste. Quando essa tristeza avança para um nível mais profundo, a pessoa não consegue se desligar de um motivo específico e criar outras razões e sentido de vida. Ela é tomada por uma profunda apatia e desinteresse por qualquer outra razão que lhe faça feliz. Ela fica com sua mente voltada somente para o que lhe é fonte de prazer e contentamento, e assim não é capaz de encontrar novas satisfações e realizações na vida. Fica presa a uma dimensão que investiu muita emoção.


Para ilustrar e entendermos melhor a diferença entre tristeza e depressão, vamos pensar em 2 pessoas que sofreram na vida adulta a perda de um trabalho, por exemplo. Ambas investiram muitos recursos financeiros e tempo para chegar onde chegaram. Sentiam-se realizadas com o sucesso, retorno financeiro, prestígio que a função lhes proporcionavam. Chamarei o primeiro de Edy e o segund de Léo. Edy sentia-se muito feliz com suas conquistas e adorava ser cantor profissional. O sucesso em sua carreira lhe fazia sentir que era amado por seus fãs e com seu dinheiro podia inclusive, ajudar pessoas necessitadas. Léo também com sua arte podia encantar a todos, era aplaudido por muitos e admirado pelos melhores críticos de vários países. Porém, surgiu um tempo de mudanças, algo aconteceu que perderam a posição de destaque. Outros artistas surgiram, outros interesses e perderam a fama. Edy e Léo se entristeceram muito, se isolaram de seus grupos, não conseguiam ânimo pra viver, pra fazer coisas simples que adoravam, como encontrar com os amigos. Edy com um tempo conseguiu ver que aquela poderia ser uma oportunidade de se redescobrir e encontrar novos caminhos, novas habilidades e satisfações. Percebeu que também poderia ser feliz escrevendo e ensinando aos jovens de sua cidade. Aos poucos saiu de seu estado depressivo e foi feliz novamente com sua nova vida, mesmo que não tivesse a fama e o brilho do palco. Léo, porém, não conseguia se ver em outro lugar e função. Se isolou num quadro de profunda depressão, sentimento de menos valia, angústia, desespero e solidão. Não ouvir mais seus fãs lhe admirando lhe fazia sentir um grande vazio, desejo de morrer e muita rejeição. Não foi capaz de ser outro profissional e perceber outros caminhos. Continuou nesse estado até ficar muito doente. Reagir para ele e buscar outras fontes de satisfação era como abrir mão de seu único jeito de ser feliz, era como abrir mão de um prazer imensurável, de uma posição de admiração e sucesso. Vimos nesses exemplos que razões semelhantes podem ter saídas diferentes.


Tristeza e depressão se misturam e podem parecer a mesma emoção, mas não são. Um quadro depressivo grave pode ser tratado com medicamentos, mas, se não se fala e não se trabalha profundamente as questões, sejam elas conscientes ou não, dificilmente se encontra novos caminhos ou se cria novas razões de viver. Ajuda de alguém, de um amigo ou de um profissional pode fazer diferença e assim encontrar novas fontes de contentamento e prazer. É preciso elaborar as perdas e assim alcançar novas construções, ressignificar a vida e encontrar novas realizações.


Avaliação de um profissional é fundamental, principalmente nos quadros em que a pessoa não consegue superar suas questões por si mesma ou com ajuda de amigos. Não é fácil reagir e voltar às atividades de maneira natural e por si mesmo. Expressar a dor, refletir sobre acontecimentos, observar-se e analisar-se são atitudes importantes para superar perdas e depressões, principalmente, àquelas relacionadas a patologias mais graves.


É natural querer ficar só para pensar, voltar-se para si, lembrar de vivências, chorar e lamentar quando se vive uma situação difícil. Mas se após um tempo a pessoa só piora, não se volta para outros interesses e desejos, se isola, fere a si ou a outros, é possível que sua tristeza tenha avançado para um estado depressivo ou desencado crises relacionadas às estruturas de neuroses graves ou psicoses.


#transtorno depressivo


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