Tomo emprestado esse título de um texto que li recentemente. Embora o conteúdo ali exposto não esteja relacionado ao que pensei ao ler esta frase 'a coisa importante que nos une', esta me chamou atenção.
Nas relações humanas, o homem faz escolhas de seus contatos e interações. Escolhe amigos, nomorados, cônjuge e mesmo em sua família de origem, escolhe os que lhe serão próximos. É atraído por algo do outro, um traço qualquer que faz laço e união. Essa identificação o impulsiona a aproximar-se de alguém, a compartilhar a vida, a fazer coisas juntos. Mas, o que será essa coisa que nos une? O que buscamos nesse outro que escolhemos em nossas relações?
Em seu texto 'Narcisismo' (1914), Freud aponta para a busca que o ser humano faz em suas relações. Aprende a se ver e se amar a partir da relação com o outro. Sua inclinação e busca estará voltada para relações em que admira no outro algo de si ou algo que gostaria de ter ou ser. Busca a completude que lhe falta.
Nesse percurso de encontro com aqueles nos são significativos e que identificamos algo que faz parte de nossa essência é comum que encontremos também características que não admiramos ou que nos cause estranheza ao nosso jeito de ser. O outro também tem sua história, vivências e particularidades. Assim, vivemos em todas as relações encontros e desencontros. Há algo que aproxima, onde percebemos semelhanças, mas também há algo que separa para mantermos nossa singularidade. Se aprendermos a conviver com esses encontros e desencontros nas relações, será possível viver relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.
A coisa importante que une e que separa, sempre estará presente nas relações interpessoais. Aceitar a si e ao outro em suas diferenças será fundamental para o crescimento e desenvolvimento pessoal.
Deixo aqui, para nossa reflexão, um poema de Goethe, poeta alemão, que não se cansava de escrever sobre o encanto do amor.
ACHADO Fui à floresta, Em si volvido. Na distração Tive sentido.
No escuro eu vi Uma flor bela, Como olhos ternos, Como uma estrela.
Eu fui cortá-la; Pôs-se a falar: “Se eu for cortada, Não vou murchar?”
Rente às raízes Fundo cavei, E ao meu jardim A transplantei.
Em lugar calmo Pus a flor linda; Sempre há um renovo, Floresce ainda.
#Goethe, o poeta alemão
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